quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Baixa Idade Média

Apogeu do Sistema Feudal
Do ponto de vista político, jurídico e militar, a principal característica do Feudalismo foi a extrema fragilidade e a descentralização do poder. Na prática, o poder era exercido pela nobreza laica e eclesiástica.
*Relação de vassalagem:
Dois nobres estabeleciam uma relação pessoal, direta, recíproca e intransferível. O vassalo era o nobre que se colocava a serviço do outro (suserano), tornando-se seu dependente em troca de proteção. Seus serviços mais importantes eram de natureza militar. Um vassalo poderia, ele mesmo, ter outros vassalos, e o rei não podia interferir nessas relações. O vassalo também era obrigado a contribuir financeiramente em certas ocasiões. Em retribuição, o suserano concedia um feudo, em geral um senhorio rural. Os membros do clero também participavam dessas relações.
Essencialmente aristocrática, a sociedade feudal era uma sociedade de ordens, com uma mobilidade vertical muito pequena.

*Modelo tripartite ou trifuncional
1)Oratores – clero
2)Bellatores – nobreza leiga
3)Laboratores – camponeses
O Clero e a nobreza formavam uma minoria de mesma origem social com os mesmos interesses, e os camponeses eram submissos. Foi um modelo criado pelos intelectuais da época – o clero – e era meramente ideológico. Buscava justificar as divisões sociais fundamentando-as na vontade divina. Assim, quem se revoltasse estaria desobedecendo a lei divina.
A sociedade medieval era caracterizada pela associação de pessoas. Não havia individualismo ou liberdade plena, pois o jeito de estar protegido era fazendo relações interpessoais.

A economia do Feudalismo era agrária e de subsistência. A principal unidade de produção era o senhorio rural recebido em feudo por um vassalo, semelhante à villa romana.

*Senhorio rural
-reserva ou manso senhorial: área destinada à produção para o senhor feudal, e o castelo.
-tenências ou manso servil: terras para exploração das famílias camponesas; rotação trienal de culturas.
-terras comunais: exploração de uso comum, regulamentada pelo senhor.
*banalidades: estabelecia que parte da produção era do senhor, impostos, uso das máquinas, etc.
*corvéia: imposto pago por dias de trabalho no manso senhorial.
*talha: imposto pela produção do manso servil

servo (preso à terra) X vilão (livre)

Até o século X, a combinação de vários fatores havia criado condições muito desfavoráveis para o comércio. Depois, essas condições começaram a mudar.

*camponeses – governados
*nobreza feudal – poder forte, mas limitado territorialmente.
*Poder real – poder fraco que abrange grande território
*poder imperial – teoricamente tinha o poder temporal (material, e não espiritual)
*poder papal – teoricamente tinha o poder espiritual

*Querela das Investiduras
Foi uma disputa entre o poder papal e o sacro império romano germânico pelo poder espiritual. O Papa Gregório proibiu a concessão de cargos clericais pelo imperador, a simonia (venda de objetos sagrados) e o nicolaísmo (corrupção ao celibato) ->responsabiliza as investiduras (concessões) leigas. O Imperador Henrique IV reagiu, tentando depor o papa, e foi excomungado. Como conseqüência criou-se a concordata de Worms, acordo que estipulava que os cargos seriam nomeados apenas pelo papado, provando a supremacia espiritual sobre a temporal, e enfraquecendo a nobreza. – Humilhação de Canossa.

A Europa Feudal em expansão

*crescimento demográfico:
-fim das invasões; estabilidade.
-mudanças climáticas melhoraram as colheitas e conseqüentemente as condições de vida.
-ações normativas da Igreja: com o fim das invasões, a nobreza guerreira não tinha mais funções e começou a conflitar entre si. A Igreja interferiu criando normas para a guerra (não poderia acontecer em dias/solos sagrados).

*necessidade de aumentar a produção:
-rotação trienal de culturas
-arroteamento: transformação das terras em áreas agricultáveis por meio de algumas técnicas.
-novo atrelamento de animais menos prejudicial a eles.
-com os campos lotados, os vilões saem dos feudos ou até são expulsos, recriam o comércio na base da troca e geram insegurança fora dos feudos.

*Cruzadas
-série de expedições armadas contra os muçulmanos. Era revestida de caráter religioso (unir cristãos do Ocidente e do Oriente / derrotar islâmicos e difundir o cristianismo), mas também pretendia diminuir os excedentes populacionais e recuperar o Mediterrâneo e o comércio com as cidades italianas. Foi um grande estímulo ao comércio na Europa Feudal.
As Cruzadas e os centros urbanos (burgos, perto das muralhas, ou nas encruzilhadas de estradas) criaram condições muito favoráveis para o comércio.
-Feiras: grande evento comercial em lugares determinados, menos freqüentes.
-Mercados locais
-comerciantes: Itália e norte da Europa.
O comércio era apoiado pelos nobres pois estes recebiam os impostos de seu território e estabeleciam as obrigações.
As rotas terrestres foram utilizadas até o século XIV. Havia saques e as caravanas eram muito lentas. Com a guerra dos cem anos, a rota marítima foi mais utilizada e houve o declínio das feiras.
Nos Burgos, criaram-se associações para fixar preços, diminuir a concorrência, estabelecer ajuda mútua -> crescimento de artesãos e comerciantes – necessitava de organização.
*Associação de mercadores = GUILDAS (comércio local)
LIGAS/HANSAS (entre cidades)

*Corporação de Ofícios: de uma mesma cidade e profissão.
-mestre: dono da oficina e da matéria prima.
-companheiro: artesãos assalariados
-aprendiz: não dominava o ofício ainda.
Os habitantes das cidades não se submetiam facilmente às obrigações feudais.
Movimento Comunal – luta pela carta de franquia, ou seja, independência das cidades do senhor feudal.
A economia monetária foi aos poucos substituindo a natural e uma nova divisão social foi surgindo: a burguesia.
A Igreja antes condenava os mercadores (lucro/usura), mas burgueses começaram a fazer parte do clero e ela começou a aceitá-los.

Crises e dificuldades do século XIV

*Fator estrutural (interno) à econômico.
CAMPO: crescimento demográfico
X
Limite da capacidade produtiva
=
FOME
CIDADE: preço alto dos alimentos; falta de moedas; pouco mercado = retração do comércio.

*Fator conjuntural (externo)
-fatores climáticos desfavoráveis.
-peste negra – esvaziamento dos campos, menos produção.
-guerra dos cem anos.

*Guerra dos Cem Anos
Flandres era uma área de intensa atividade comercial. A Inglaterra era enriquecida através do seu comércio. Os franceses queriam dominar a região. Primeiramente, a Inglaterra estava ganhando, mas depois, com um forte sentimento de nacionalismo, a França venceu.
-agravamento dessas duas economias.
-consolidação de um estado forte da França.
-sentimento nacional.
-diminuição numérica da nobreza.
Com a redução da mão-de-obra, os camponeses foram muito explorados e surgiram as jacqueries, revoltas camponesas. A nobreza enfraquecida recorre ao rei, assim como a burguesia, que via nas diferenças entre os feudos um obstáculo para o comércio.
A autoridade real superou a local e a universal. Nobreza e clero tinham ainda imunidades e formavam um poder ideológico.

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