sábado, 24 de janeiro de 2009

Alta Idade Média

O Feudalismo foi o resultado de duas culturas distintas: a romana e a germânica. Ele tornou-se o sistema dominante por volta do século X, mas suas origens estão no final da Idade Antiga (crise do escravismo).
A decadência romana montou uma sociedade rural, com a propriedade concentrada e o empobrecimento popular, com a influência da Igreja Católica em todos os aspectos e o recuo do poder central. Durante toda a Idade Média, essas tendências se acentuaram cada vez mais, e as sucessivas ondas invasoras aumentaram a insegurança e a escassez.
O feudalismo inicialmente atendeu às necessidades básicas de sobrevivência e consumo, privilegiando uma aristocracia que controlava os dois maiores bens: terras e poder militar. O monarca costumava conceder Benefícios aos servidores mais destacados. Formou-se assim uma elite ligada ao monarca, com um juramento pessoal de lealdade, seguindo a antiga tradição germânica do Comitatus. Essa elite passou a ter seus próprios vassalos e a conceder benefícios na sua terra. A camada camponesa perdia seus direitos e eram forçados a depender dos latifundiários. Ao consolidar seu controle sobre as terras e os homens, a nobreza removeu os últimos obstáculos para que o Feudalismo se tornasse o sistema dominante na Europa cristã.
Fatores estruturais:
-Romanos: Villa (latifúndio); colonato (servidão); patronato (cliente); benefícios (feudo).
-Germânicos: Comitatus (relação de vassalagem); Direito Consuetudinário (baseado em tradições).
Fatores conjunturais:
-Invasões que isolaram a Europa do mundo exterior. – Árabes, vickings e húngaros bloqueiam os meios de comunicação internos e isolam a Europa do Mediterrâneo e de outras rotas comerciais.
As marcas mais evidentes da Alta Idade Média são a instabilidade e a pluralidade de culturas. A Idade Média “incubou” três novas grandes civilizações: Bizantina, Carolíngia e Árabe.

Império Romano do Oriente


Constantinopla possuía posição privilegiada. Desde que se tornara a capital imperial, concentrava os melhores recursos, o que a tornava a cidade mais rica do Império.
Durante o século V, enquanto o Império Romano do Ocidente desaparecia, Constantinopla fez acordos, guerras e pagamento de tributos para repelir tribos invasoras e permitir a recuperação do Império Romano do Oriente.
Justiniano I é responsável por muito desse sucesso. Ele governou na Alta Idade Média com um sistema político que visava o domínio total do Mediterrâneo. Justiniano fortaleceu a autoridade do imperador, criando uma monarquia hereditária absoluta e teocrática. Submeteu a Igreja ao Estado, com várias medidas cesaropapistas.
A política econômica era intervencionista: os impostos aumentavam e o Estado passou a controlar as atividades mercantis. Isso garantiu uma sociedade essencialmente urbana, regida também pela servidão.
O direito foi modificado, visando dotar o Estado de um sistema jurídico eficiente que fortalecesse o imperador.
O empreendimento mais ambicioso de Justiniano foi tentar reunificar o Império Romano. Mesmo com as tentativas de invasão dos persas, ele conseguiu formar um Império poderoso e reconquistar o Mediterrâneo Ocidental.
O reinado de Justiniano marcou o último esforço de sobrevivência do império. A restauração completa nunca chegou a se concretizar, pois o imperador enfrentou várias oposições: a aristocracia não concordava com a economia intervencionista, a Igreja não queria ser submetida ao Estado (e ambos, nobreza e Igreja, eram contra a centralização do poder), as camadas populares estavam esmagadas pelos impostos.
Quanto à situação externa, novos grupos bárbaros avançavam e um novo império persa estava determinado a conquistar a região.
Da metade do século VI até o inicio do VII, o império entrou em crise e só se manteve porque o perigo externo era iminente.
Quando uma nova dinastia ascendeu ao trono, os objetivos eram diferentes: a sobrevivência. As tradições latinas foram substituídas pelas helenísticas, a política externa passou a ser defensiva, e por fim, o Império Romano do Oriente passou a se chamar Império Bizantino.
Continuou desempenhando um papel importante no Mediterrâneo, mas não havia mais a liderança.

Reino Franco

O Império Romano do Ocidente não existia mais. Foi dividido entre várias tribos germânicas – reinos bárbaros – e a autoridade centralizada foi substituída por uma pluralidade de reis bárbaros.
Embora tivessem imposto seu domínio, os germanos procuraram aproveitar o que podiam da antiga organização imperial, mas como ignoravam a vida urbana e as leis escritas, nada entendiam sobre governo e formaram reinos muito instáveis.
O reino franco surgiu no final do século V, quando Clóvis converteu-se ao cristianismo e unificou as tribos francas, dando inicio à dinastia Merovíngia.
Clóvis teve o apoio da Igreja e das populações, e com seu gênio militar, conseguiu expandir o reino franco rapidamente. Entretanto, o Estado franco tinha um poder real muito instável.
O rei era apenas um chefe guerreiro que governava com o personalismo do poder e o patrimonialismo do Estado (tudo era dele).
Quando os árabes tomaram a Espanha, o poder da dinastia Merovíngia estava reduzido a pouco mais do que um título. Os reis eram indolentes e inaptos para a guerra. Quem realmente possuía o poder era o Prefeito de Palácio, um dos servidores do rei. Quando o majordomus, ou prefeito de palácio, Carlos Martel venceu os muçulmanos na batalha de Tours, ficou evidente a ineficiência dos Merovíngios. Carlos Martel assumiu, de fato, o governo. Pepino, o Breve, seu filho, para assumir legitimamente o trono, precisava da aprovação religiosa. O momento era propício para uma aliança com o Papa, pois de um lado, este estava ameaçado de perder territórios, e por outro, as divergências iconoclásticas com o Imperador Bizantino o ameaçavam de perder o controle da Igreja. A questão Iconoclasta teve início no séc. VIII, quando o imperador Bizantino proibiu a divulgação de imagens divinas no Oriente, e queria extendê-la para o Ocidente, onde o Papa reagiu. Como esse não possuía um exército próprio, precisava de um apoio externo.
Pepino, o Breve, foi coroado rei e deu início à dinastia carolíngia. Seu reinado deu início à expansão em direção às áreas mediterrâneas.
O reinado de Carlos Magno marcou o ponto mais alto da centralização do poder durante a Alta Idade Média. Suas bases de poder eram a aristocracia (para quem dava terras) e o clero (para quem dava terras e ajudava na propagação do cristianismo). Esses assumiam compromissos de lealdade pessoal. Carlos Magno manteve a aristocracia fundiária e guerreira sob sua dependência com as políticas expansionistas. O território imperial foi dividido em unidades político – administrativas governadas por duques, marqueses, etc. As estruturas de sustentação do poder real ainda reforçavam o personalismo do poder e o patrimonialismo do Estado. Com a morte de Carlos Magno, Luís o piedoso assumiu o império. Ele interrompeu as conquistas e concedeu muitas imunidades. Os herdeiros de Luís assinaram o Tratado de Verdun, que dividiu o império carolíngio em três. Os duques adquiriram mais poder com o enfraquecimento do poder central. Além disso, uma nova onda invasora contribuiu para a decadência da dinastia carolíngia, completando o processo de formação do feudalismo. A desintegração do império Carolíngio e a fixação de novos povos produziu o primeiro esboço da Europa moderna. O homem medieval não tinha a noção de nação e a identidade comum se dava pela fé cristã.
O cisma do Oriente foi a primeira ruptura entre cristãos, originando a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Cristã Ortodoxa (luta pela liderança da mundo cristão entre papa e Justiniano).

Árabes

Na Arábia pré-islâmica, as populações não formavam uma unidade política, embora tivessem língua e tradições comuns.
As tribos nômades eram independentes, lideradas pelo xeque, e costumavam entrar em conflito com outras comunidades. Essa ausência de unificação deve-se em parte às péssimas condições naturais da região desértica.
As tribos urbanas formavam pequenas repúblicas aristocráticas controladas por mercadores. Alguns centros, como Meca e Iatreb, tiveram um rápido crescimento e concentravam parte importante das rotas comerciais.
A religião era politeísta e também muito diversificada.
Caaba – centro de peregrinação.
Em 610, Meca era o principal centro comercial e religioso da Arábia, não apenas por causa das caravanas, mas também pelos lucros advindos da Caaba. Devido a todo esse lucro, a aristocracia de Meca reagiu muito mal ao surgimento de Maomé, que incitava a adoração a um deus único. Maomé sintetizou idéias de várias religiões (judaísmo, zoroastrismo, cristianismo) e crenças árabes para fundar uma nova religião – o islamismo – e o ideal de que seus seguidores formassem uma única comunidade, governada pelas leis de deus – o Islã. Maomé fugiu para Iatreb (depois, Medina) no ano da Hégira. Lá, assumiu autoridade política, militar e religiosa, e formou um exército para a luta contra os infiéis. Essa força militar representou um importante fator de unidade entre as tribos convertidas. Em 630, Meca foi finalmente conquistada, e isso encerrou a primeira fase da construção do Estado árabe-muçulmano.
O Corão é o livro sagrado do islamismo, e a Suna é uma fonte de ensinamentos complementares ao Corão. Algumas das obrigações básicas dos muçulmanos são fazer uma peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida e lutar para ampliar os domínios do islã.
Com a morte de Maomé, o Estado ainda estava limitado e o problema imediato a ser enfrentado era a sucessão do governante. A maioria (sunitas) aceitou a escolha de um novo líder pela comunidade, o que seguia as antigas tradições, mas um grupo (xiitas) acreditava que apenas a linhagem de Maomé podia governar.
O confronto entre sunitas e xiitas causou uma guerra civil, e os parentes de Maomé foram assassinados. Quem ficou com o poder foi a aristocracia de Meca. Estabelecida a ordem, os árabes voltaram-se para o Ocidente. Com uma liderança segura, os árabes iniciaram um movimento de expansão incontrolável, pois aqueles que lutassem pela glória de Allah tinham salvação certa – Jihad. Também poderiam ter grandes vantagens com as rotas comerciais orientais. Os povos conquistados eram forçados à conversão monoteísta e à aceitação da autoridade política dos muçulmanos. Em menos de duas décadas, os árabes construíram um gigantesco império. O Império Persa havia desaparecido e o Bizantino perdera grande parte de deu território.
Por volta do séc. IX, o Islã perdera sua unidade política e o ímpeto militar e foram invadidos pelos turcos.
Essa fragmentação foi essencial para o Império Bizantino, que embora sofresse invasões e uma política interna confusa, conseguiu sobreviver. Reconquistou algumas terras, tomaram o poder do Mediterrâneo e influenciaram a cultura de novos povos bárbaros.

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